Lugar é este de viver coisas e de sonhar.

Buscar o preenchimento do vazio e ser. Ser na plenitude de seu ser, quietamente.

Sim, não enxergamos a verdadeira realidade e o que idealizamos não é necessariamente o que vai ser melhor para nós. Nosso mal é acreditar, indiscriminadamente, em nossa imaginação.

Supervalorizamos as nossas concepções e crenças e nos identificamos com elas. Fazemos delas verdades supremas para nós mesmos, nos orgulhamos delas e fazemos delas a base e o sustentáculo para nosso ser. Nos sentimos orgulhosos do que construímos e nos encantamos em nossa admiração por essas quimeras e, depois, passamos a achar que a vida sem elas perderia o sentido.

Deslocamos o sentido da vida, o tiramos do real, da sensação de estar vivendo e o colocamos em nossa imaginação, em nossas fantasias, em nossas idéias e nossos ideais. Invertemos tudo e depois ficamos igual cego em tiroteio, correndo apavorados de um lugar para o outro, assustados e com medo, sem saber nunca que lugar é o nosso lugar, o lugar a salvo e protegido.

Achamos que o que construímos é a nossa salvação e nos assustamos quando percebemos que não passa apenas de uma construção falsa e pobre que nos enganou durante toda uma vida.

Nós na realidade não temos um lugar, não temos um porto seguro que nos coloca a salvo e imunes às dores e apreensões. É na vida, na realidade, na incerteza que nosso ser encontra sua verdadeira realização. E são a nossa expressão e realização que nos farão mais plenos.

Jeremias.
28.4.i93