Os dias azuis, a brisa fresca soprando no esplendor da manhã.

O acordar. O movimento, a alegria de estar vivo. Nada de novo, nada de velho. A esperança brota e a alma se expande.

Vencer. Vencer, vencer, vencer. Idiotice.

Quando se vence, o prazer de subjugar, de estar por cima, o prazer de ver o outro derrotado, interiorizado, sofrendo. Ou então, o prazer de fazer com que o outro o admire, o venere ou bajule. O poder de comprovar que pode, o prazer de comprovar que é superior. Tristeza.

Melhor do que estar por cima é estar junto, não é? De mãos dadas, amando, cooperando. Cooperar. Contribuir para a vida do outro. Alegrar-se na companhia, no amor, na união.

Que tristeza! Os homens não querem companhia. Querem admiradores, súditos e escravos. Muito triste. Sua vida foi um engano. Agora você acordou e enxergou? Enxergou o quê? Miséria, competição, inveja, vaidade, solidão. Uma imensa solidão permeia o mundo de vocês. É uma pena uma grande pena. As mãos unidas, dadas. Mãos dadas.

Aonde foi parar a mão do homem? Na arma, na luta.

Quando será que o home vai descobrir que o carinho é melhor do que o soco?

Abraços.
Jeremias Horta.
12.5.93